Por: Elenilton da Cunha Galvão
Professora ferida após massacre de Richa e seu PSDB. |
Dei-me a tarefa de
tirar um tempo nesta manhã de 30 de Abril, um dia antes do dia do trabalhador,
o simbólico 1º de Maio que para ter esse significado foi lavado com o sangue de
milhares de homens e mulheres que lutaram por condições dignas de trabalho, para
falar sobre algumas questões que me aviltam enquanto SER humano. Pedirei licença àqueles que se dispuserem a ler este
humilde texto para entrecorta-lo com citações do grande educador Paulo Freire,
momento muito oportuno.
“Quando a
educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”
Muito se discutiu
nestes últimos dias sobre a PL 4330/04 de autoria do empresário e ex-deputado
Sandro Mabel que amplia incalculavelmente a terceirização da mão de obra
brasileira. Bem, com propriedade de causa e por ter pessoalmente trabalhado como
metalúrgico por 12 anos, a simples menção da palavra terceirização já me revira
o estômago. Não é fácil para ninguém que vende suas horas de vida aos
industriários capitalistas ver pais e mães de família submetidos a condições de
trabalho sub-humanas, serem acusados de toda espécie de situação (furto,
indolência e etc.) no descarado assédio moral, ganhar salários inferiores para
trabalharem mais que funcionários diretamente contratados como tantas vezes presenciei,
estarem expostos a perigos muito maiores que empregados diretos e etc, ou seja,
terceirização para mim é mais consciência prática do que teórica, logo, sei bem
as implicações desse método capitalista de lucrar. Se este projeto de lei entrar em vigor o Brasil
saltará do século XXI diretamente para o início do século XX em que a CLT não
existia para a alegria da burguesia brasileira. Lembro que atualmente a Súmula
331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) proíbe terceirização de atividades
fins nas empresas e esse PL pretende derruba-la.
Como disse Boechat, esses Pit Bulls nessa vergonha nacional que o PSDB promoveu, tem com absoluta certeza mais inteligência que Beto Richa. |
Este projeto (a PL 4330) será combatido de todas as maneiras não só pelo PsoL, enquanto organização politica que sempre se comprometeu com a dignidade de nossa gente e de nossos trabalhadores, mas por estes, os próprios trabalhadores que se mobilizarão, como já estão mobilizados, para combater esse acinte. Famosas ficaram aquelas imagens da truculência policial em cima dos ativistas da CUT em Brasília no dia 7 de Abril deste ano quando eles tentaram entrar naquela que é dita como a “CASA DO POVO” (o Plenário Ulisses Guimarães do Congresso Nacional) para pressionar os parlamentares e barrar o projeto. Logicamente a grande mídia, subserviente ao patronado e aos interesses estrangeiros, noticiou aquele fato como um “CONFRONTO” da CUT com os policiais. Oras!!! CONFRONTO?? Como cassetetes, spray de pimenta, gás lacrimogênio, e armas podem equivaler-se a bandeiras, paus e pedras? Isso não é confronto, é massacre.
"A teoria sem a
prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No
entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora
e modificadora da realidade."
Pois bem, ontem houve
outro "CONFRONTO" para a grande mídia, a tropa de choque do governador Beto Richa,
do PSDB do Paraná, massacrou os professores que estavam armados (rsrs), vejam
só, com giz e consciência para que eles não “ousassem” reivindicar o DIREITO a
uma aposentadoria digna [os vídeos que seguem nesse texto são do "confronto"]. As
lamentáveis cenas vistas ontem, não nego, me levaram às lágrimas, e faço minhas
as palavras do jornalista Ricardo Boechat: “Qualquer
país do mundo que exiba essas imagens [...] é um país que tem que se sentir
humilhado. A [...] ação da polícia dando cacetada em professor.
Isso não combina com absolutamente nada que se chame de civilização”. Foi
assim que eu, brasileiro, nordestino, ex-metalurgico, vindo de família ainda
humilde, educado em escola pública, e que já sonhei (e ainda sonho) em ser
professor um dia me senti, HUMILHADO.
“Seria
uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma
forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças
sociais de forma crítica”
As lágrimas de
indignação não afogam qualquer sentimento de luta que habita em mim e em todos
aqueles que estremecem de raiva diante de uma injustiça, pelo contrário, elas
enchem de força qualquer um que tenha humanidade, pois, afinal, aqui em Goiás
passamos pela mesma situação. O governo ininterrupto dos PSDBistas em alguns
Estados brasileiros, regado a muita propaganda, cafuné em banqueiro e entreguismo
ao empresariado via privatizações é algo que Goiás conhece muito bem, aqui, um
Estado que desde o não tão remoto ano de 1996 é governado por Marconi Perillo e seus aliados, os professores estão em situação tão precária quanto no Paraná. Recentemente em
2011, Marconi Perillo e Tiago Peixoto, seu então secretário de educação, simplesmente achataram a carreira dos professores com consequências salariais complicadíssimas
àqueles que doam seu tempo para educar nosso povo.
Agora, em meio a todos
os problemas gerados pelas Medidas Provisórias expedida por Dilma Roussef n. 664
que muda o acesso à pensão por morte e ao auxílio-doença e a 665 que muda o
acesso ao benefício do seguro-desemprego, mais a PL 4330/04 que amplia a
terceirização no setor público e privado, temos, vejam só, Marconi Perillo e
sua nova secretária de educação, a pseudo professora Raquel Teixeira, planejando implantar um
sistema de “parceria” público-privado no sistema de educação goiana, na
prática, as consequências para o regime de contratação de profissionais que
atuarão na área mudará bastante, pois eles não serão contratados via concurso,
mas via MERCADO, logo os já baixos salários dos mesmos também serão regidos
pelo MERCADO.
Os contratos serão por tempo específico, assim sendo, os professores não terão direito à férias, décimo terceiro salário, benefícios previdenciários ou qualquer ajuda de custo para sua formação, cito a cidade de Ouvidor como um exemplo do absurdo dessa prática, aqui, há uns dois anos atrás um professor que sob regime de contrato prestava serviço ao Colégio Estadual Antônio Ferreira Goulart acidentou-se gravemente no percurso de Catalão para cá e jamais teve qualquer ajuda por parte do Estado. Teve sua carreira e sua vida destruídas e o Estado lavou as mãos. Agora Marconi quer ampliar essa lógica.
Os contratos serão por tempo específico, assim sendo, os professores não terão direito à férias, décimo terceiro salário, benefícios previdenciários ou qualquer ajuda de custo para sua formação, cito a cidade de Ouvidor como um exemplo do absurdo dessa prática, aqui, há uns dois anos atrás um professor que sob regime de contrato prestava serviço ao Colégio Estadual Antônio Ferreira Goulart acidentou-se gravemente no percurso de Catalão para cá e jamais teve qualquer ajuda por parte do Estado. Teve sua carreira e sua vida destruídas e o Estado lavou as mãos. Agora Marconi quer ampliar essa lógica.
Isso é um ABSURDO!!!
Marconi e sua demagogia de “qualidade na educação” dá um perigoso passo rumo à privatização da educação pública goiana, isso deveria aviltar qualquer um que conheça a já sofrida realidade de nossos professores, todavia se a PL 4330 for sancionada, esse quadro piorará inexoravelmente.
No Brasil todos os ajustes fiscais são pagos pelos trabalhadores que tem seus direitos retirados. Na imagem, professor do Paraná espancado e humilhado por Beto Richa. |
Marconi e sua demagogia de “qualidade na educação” dá um perigoso passo rumo à privatização da educação pública goiana, isso deveria aviltar qualquer um que conheça a já sofrida realidade de nossos professores, todavia se a PL 4330 for sancionada, esse quadro piorará inexoravelmente.
A
EDUCAÇÃO É UM DIREITO NÃO UMA MERCADORIA!
“Ninguém nega o
valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que
desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos
sejam professores. Isso nos mostra não o reconhecimento que o trabalho de educar é
duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem
sendo desvalorizados.
A data é um
convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e
nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que
queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão
de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas
para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não
transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.
O que pensar sobre essa
situação? Tristeza, humilhação e indignação como o que senti, como muitos
sentiram ao ver aquelas imagens brutais da repressão policial aos professores,
corajosos e honrados professores do Paraná, não movem moinhos, mas a luta sim,
acredito que é hora de todos os setores se mobilizarem contra o ataque aos
direitos trabalhistas que o Brasil está sofrendo e algumas grandes Centrais Sindicais, como a Força Sindical, velha aliada do patronato, resolveram se calar, eles se calam, mas não cabe a nós nos calarmos, não nos é dado esse direito.
"A
liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca
permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem
liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não
a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se
libertam em comunhão."
Essa carta de 1º de
Maio não vem como saudação, ou com orgulho da atual conjuntura brasileira, ela
vem carregada de vergonha e de medo, mas sobretudo vem como um apelo de luta
embebida pelo sangue derramado dos valentes professores paranaenses, vem com o
apelo de um entre tantos brasileiros que não se calarão, de um entre tantos
brasileiros que está tentando fazer o possível para que alcancemos o impossível
como prelecionava o grande mestre Paulo Freire, vem com um apelo de mobilização já que a
alienação se dá mais pela omissão do que pela mentira, pois enquanto a mentira propagada dá margem ao debate sobre ser ela ou não condizente com a realidade, a omissão retira esse direito, a omissão sobre um assunto não permite o debate, como
debater o desconhecido, como debater a situação de nossos trabalhadores se permitirmos que somente a grande mídia entoe seu discurso, como mobilizar o povo se o povo é diuturnamente alienado?
Diante de tanto silencio, de tanta criminalização dos movimentos sociais, de tanto preconceito, conclamo os companheiros não só de PsoL, mas de humanidade, para que não nos calemos, para que não esmoreçamos diante desta situação, para que lutemos enquanto trabalhadores e companheiros de lutas dos trabalhadores, conclamo em verdade para lutarmos pelo que é possível hoje e asfaltemos a rodovia do impossível para que no amanhã seja possível. Contra a PL 4330, contra as MP’s 664 e 665, contra o massacre dos professores, pelo direito a um salário digno a todos os trabalhadores, pela redução da jornada de trabalho, por uma vida e uma aposentadoria digna aos educadores, pelo fim do corte de verbas da educação feita pelo governo Dilma, contra os ajustes fiscais que encilham nossos trabalhadores, contra a parceria público-privada de Marconi, contra a precarização da grade curricular e do trabalho dos educadores de Catalão feito por Jardel Sebba, pela revisão da dívida pública para que nosso povo tenha pão, teto e trabalho. Que aquelas imagens dos mais de 150 educadores feridos, uns em Estado grave, lá no Paraná nos guie.
Diante de tanto silencio, de tanta criminalização dos movimentos sociais, de tanto preconceito, conclamo os companheiros não só de PsoL, mas de humanidade, para que não nos calemos, para que não esmoreçamos diante desta situação, para que lutemos enquanto trabalhadores e companheiros de lutas dos trabalhadores, conclamo em verdade para lutarmos pelo que é possível hoje e asfaltemos a rodovia do impossível para que no amanhã seja possível. Contra a PL 4330, contra as MP’s 664 e 665, contra o massacre dos professores, pelo direito a um salário digno a todos os trabalhadores, pela redução da jornada de trabalho, por uma vida e uma aposentadoria digna aos educadores, pelo fim do corte de verbas da educação feita pelo governo Dilma, contra os ajustes fiscais que encilham nossos trabalhadores, contra a parceria público-privada de Marconi, contra a precarização da grade curricular e do trabalho dos educadores de Catalão feito por Jardel Sebba, pela revisão da dívida pública para que nosso povo tenha pão, teto e trabalho. Que aquelas imagens dos mais de 150 educadores feridos, uns em Estado grave, lá no Paraná nos guie.
“Digamos juntos,
de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum
trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá, não
existe pior pobreza material do que aquela que não permite ganhar o pão e priva
da dignidade do trabalho. O desemprego juvenil, a informalidade e a falta de
direitos laborais não são inevitáveis, são o resultado de opção social prévia,
de um sistema econômico que coloca os lucros acima do homem, este sistema já
não se consegue aguentar. Temos de mudá-lo, temos de voltar a levar a dignidade
humana para o centro: que sobre esse pilar se construam as estruturas sociais
alternativas de que precisamos. Terra, teto e trabalho. É estranho, mas se
falar disto, para alguns parece que o Papa é comunista. Terra, teto e trabalho,
aquilo por que lutam, são direitos sagrados. São respostas a um anseio muito
concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para os seus filhos. Um
anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza
que está cada vez mais longe da maioria.”
(Papa Francisco)
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