Via: Insurgência
Veja
aqui as declarações de repúdio às posturas do deputado federal.
Executiva
Estadual do PSOL RJ:
O
PODER EMANA DO POVO!
Em
pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados, o parlamentar Daciolo
Benevenuto, eleito pelo PSOL-RJ, defendeu a alteração do texto constitucional
para estabelecer que “todo o poder emana de Deus, que o exerce de forma direta
e também por meio do povo e de seus representantes”. Não é a primeira vez que o
parlamentar faz intervenções com posições adversas às do PSOL. Na diplomação
não teve constrangimento em tirar foto com o fascista Jair Bolsonaro, na mesma
semana em que a bancada do PSOL pedia a cassação dele por sua apologia ao
estupro.
O
PSOL é um partido que tem programa e uma militância engajada na sua construção.
Temos princípios, valores e convicções que nos colocam ao lado de todos os
setores oprimidos. Defendemos a liberdade de crença e não crença. Combatemos o
fundamentalismo religioso e o messianismo. Somos radicais na defesa da absoluta
laicidade do Estado.
O
PSOL se opõe a qualquer concepção totalitária e antidemocrática de poder, a
todas as formas de opressão e discriminação e ao militarismo. Somos um partido
com identidade – socialista e libertário!
Num
momento em que, novamente, querem que o povo pague pela crise provocada pelo
grande capital; quando os trabalhadores mais precisam de unidade para enfrentar
os ajustes do governo Dilma e o cinismo da oposição de direita, o deputado se
lança em mais uma cruzada de lógica fundamentalista.
Respeitamos
a legitimidade do mandato do deputado Daciolo, conquistado pelo voto popular.
Contudo, a atuação do parlamentar, nesse pouco tempo, tem revelado
incompatibilidades com o partido.
O
parlamentar, mais uma vez, demonstra não ter identidade com a sigla pela qual
concorreu. Ao propor o fim do estado laico abandona os princípios republicanos,
ofende a democracia e ignora a soberania popular.
Se
ele não se sentir a vontade para defender o programa do PSOL, a busca de outro
partido, nos parece, deve ser seu caminho natural.
Executiva
Estadual do PSOL RJRenato Cinco, vereador do PSOL no Rio de Janeiro:
Daciolo,
pegue seu mandato e saia do PSOL. Seu lugar não é aqui.
Desde
que foi eleito deputado federal o cabo Daciolo já tirou foto com o Bolsonaro,
defendeu um militar no Ministério da Defesa e agora apresentou proposta de
emenda constitucional para “alterar a redação do parágrafo único do artigo 1° e
afirmar que todo o poder emana de Deus, que o exerce de forma direta e também
por meio do povo e de seus representantes.”
Isso
tudo é absolutamente contra o programa e a linha política do PSOL que defende o
estado laico e a desmilitarização da sociedade.
A
permanência do cabo Daciolo no PSOL é uma contradição insolúvel e a Direção
Nacional precisa afastar imediatamente o deputado.
Entretanto,
acho que os eleitores do cabo não podem ser penalizados e ele deve permanecer
com o mandato.
Eu
não compactuo com nenhuma violação da laicidade do estado e apresentei, em maio
de 2014, um projeto de resolução que altera o texto de abertura das sessões da
Câmara Municipal.
Atualmente
o presidente da sessão diz “Invocando a deus pela grandez da pátria e a paz
entre os homens, dou por aberta a sessão”.
Com
a nossa proposta o presidente, ao abrir a sessão, pronunciará o seguinte: ‘Em
busca da cidadania e da dignidade da pessoa humana, dou por aberta a sessão’.
O
projeto ainda está em tramitação e ainda não foi votado na Câmara Municipal.
Henrique Vieira,
vereador em Niteróis (RJ):
Carta
Aberta sobre as posições de Daciolo, cristianismo e Estado Laico
É
de conhecimento público a infeliz proposta do Deputado Federal do PSOL Cabo
Daciolo de alterar o primeiro artigo da Constituição Federal para registrar na
carta maior do país que “o poder emana de Deus” – e não “do povo”, como consta
no texto. Por esta razão, trago à militância do PSOL, seus simpatizantes e
nossos parceiros nos movimentos e na sociedade esta carta, que aponta profundas
divergências teológicas, de fé, concepção partidária e construção coletiva.
Acredito
que mais importante que o documento é o rosto vivo das pessoas em sua vida
concreta. As pessoas sofrem por causa da injustiça, da exploração, da
desigualdade sistêmica, das opressões e dos preconceitos. O Deus que encontrei
em Jesus está profundamente identificado com a vida concreta, com o tempo
presente, com os corpos e os sonhos massacrados por um mundo estruturalmente
injusto. Em outras palavras, creio que Deus não está nem um pouco interessado
em ter seu nome na Constituição, mas, sim, no estabelecimento da vida plena
nesta nação. Vida plena só é possível no respeito à diversidade, à
singularidade, na garantia do direito de ser, existir e ser feliz para todas as
pessoas. Não vejo Deus como guardião de uma religião, preso em uma
institucionalidade ou precisando de defensores corporativistas de uma dada
narrativa doutrinária. Creio que a concretude do amor é a experiência mais
profunda e visceral de Deus e o amor não impõe, não violenta, não obriga, não é
arbitrário ou impositivo. Acredito que o amor só se vivencia na liberdade, como
ato político de sensibilidade à humanidade. Sou cristão, sou teólogo e pastor,
desejo ardentemente ser um discípulo de Jesus e me sinto assim, quando
graciosamente, luto contra todas as formas de exploração e opressão e me
vinculo às lutas do povo. E luto ao lado de ateus, agnósticos, céticos, pessoas
de todos os credos e crenças que se juntam em uma esfera militante a partir de
um projeto anticapitalista de existência.
Sou
também professor de história e, a partir da minha formação, percebo o quão
retrograda é a proposta de Daciolo. A defesa de um Estado religioso data do
período medieval, na sociedade ocidental consagrada pelo Papa Leão III e Carlos
Magno, o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Desta experiência em
diante, nunca se matou tanto em nome de Jesus, seja nas Inquisições ou nas
Cruzadas. Felizmente, na sequência da História, o cristianismo trouxe para a
humanidade novas experiências libertadoras, resgatando seus valores originais e
o Estado passou a ser, na maioria dos países, laico. Essa conquista democrática
precisa ser preservada, garantida e ainda muito aperfeiçoada. É inclusive o
Estado Laico que resguarda a legitimidade da expressão religiosa, reconhecendo
a pluralidade existente em nosso povo.
O
exercício é simples: basta se colocar no lugar do outro. Inclusive este é um
ensinamento básico de Jesus: amar o outro como a si mesmo, tratar o outro como
esperamos que o outro nos trate. Então basta imaginar que o Brasil tem outra
religião como majoritária e que os membros desta religião entendessem que o que
eles creem não é uma religião, mas simplesmente a verdade absoluta e que em
nome disso, na mais absoluta pureza de intenção, começassem a mudar os textos
jurídicos, legais e constitucionais de tal forma a tornar essa religião o
escopo legal do país. Certamente os cristãos se sentiriam ofendidos,
desrespeitados em suas crenças e dependendo do desenrolar dos acontecimentos
seriam inclusive perseguidos e presos por conta da sua fé. Cabe dizer que esse
exercício de imaginação é uma realidade em vários países do mundo e tudo que
pedimos é a liberdade de exercício da nossa fé.
Em
termos históricos, para além da mais profunda crença individual, o cristianismo
é uma religião e não pode se utilizar do escopo institucional para regular a
vida em sociedade. É preciso garantir e aperfeiçoar a laicidade do Estado, o
respeito à não crença e as diferentes crenças, a perspectiva cultural da
tolerância, da solidariedade, da promoção de direitos, da superação dos
preconceitos. Em hipótese alguma se trata da supressão de identidade de fé, mas
todo exercício e toda manifestação da fé precisam respeitar o outro e os
princípios mais basilares da Democracia e dos Direitos Humanos. Que bom seria
se o texto constitucional, do jeito que está, fosse verdade. Na verdade é por
isso que a gente luta: para que o poder seja popular e que na verdade seja o
povo mesmo exercendo por mecanismos diretos e participativos. Sempre que
falamos que é em nome de Deus alguém vai dizer que fala em nome de Deus e este
é o caminho mais fácil para a tirania. O nome de Deus está no pão repartido, na
mesa farta, na terra distribuída, na natureza cuidada, na opressão superada, na
liberdade exercida pelo entorno do amor.
No
campo do debate partidário, é absurdo que um parlamentar do PSOL apresente um
Projeto de Emenda à Constituição cujo teor vá de encontro à laicidade do
Estado. Construímos o partido como instrumento de luta e empoderamento popular,
a plena liberdade crença e não crença e luta pelas liberdades individuais e
coletivas, combatendo toda forma de opressão. Uma atitude como essa, dita e
documentada, põe sobre a militância do PSOL uma enorme contradição e envergonha
todos aqueles que tem se dedicado à construção de um partido com perfil
anticapitalista e de luta por direitos individuais e coletivos de crença e não
crença.
Esse
episódio também indica que precisamos ser mais coletivos, já que nossos
parlamentares são também representantes do conjunto militante que constitui o
PSOL. Como é possível que uma emenda dessa natureza não tenha sido discutida em
instâncias coletivas antes de ser apresentada à sociedade? Parece que o
Deputado não tem nenhuma consideração pela história do PSOL, pelos seus
militantes e suas instâncias de direção.
É
triste que tenhamos que nos posicionar sobre esse tema em um momento de tantas
outras lutas e de necessidade de afirmar um caminho à esquerda para sociedade
brasileira. Vivemos um tempo de crise financeira, cortes de gastos e supressão
direitos por parte do governo federal petista, além de escândalos de corrupção
envolvendo a base do governo e da oposição de direita e ataques do
conservadorismo, muitas vezes religioso – o que exige de nós uma forte atuação
e unidade política, tanto em nossa bancada federal quanto no partido como um
todo. Enfim, lamento afirmar, mas o mandato do Daciolo, Deputado Federal pelo
PSOL, se enquadra perfeitamente em legendas que nosso partido combate. Essas e
outras atitudes, a partir do ponto de vista de um militante cristão,
ecossocialista e libertário como eu, merecem a disputa democrática na
sociedade, não dentro do PSOL. Vamos olhar para o nosso país e para a nossa
gente, especialmente para os que sofrem, pois é nesta dor que Deus está há
muito tempo gritando e carente de atenção.
HENRIQUE
VIEIRA
Teólogo,
pastor, cristão, historiador, professor e vereador pelo PSOL – Niterói
Ailton Lopes,
candidato ao governo do Ceará na eleição de 2014:
Pensei
muito antes de escrever este post.
E
resolvi escrevê-lo.
O
PSOL é um partido público. E devemos satisfação de nossos atos, de nossas
contradições a todos que nos observam, simpatizantes ou não, filiados (as) ou
não.
Peço,
desde já, desculpas pelo tamanho do texto. Só agora pude postá-lo, nesse
horário que ainda tenho.
É
por isso que venho aqui expressar minha posição pública como militante político
do PSOL e, sobretudo, anti-capitalista.
Nós
construímos o PSOL – tanto nós que nos somamos desde sua fundação – como todos
que se somaram ao longo de nossa caminhada – para ser um polo agregador da
esquerda social e combativa que não se rende ao pragmatismo eleitoral, nem à
ditadura do mercado capaz de incluir apenas pelo consumo, apenas quem tem
dinheiro.
O
PSOL nasce para ser um partido amplo e democrático. Mas sua amplitude tem um
horizonte e um programa que o definem, não para limitá-lo, mas para
caracterizá-lo.
O
PSOL é um partido que defende todas as liberdades individuais, todas. Entre
elas, livre expressão religiosa, da fé e da não-fé, a livre expressão de
qualquer convicção política, acadêmica e ideológica, desde que não atentem
contra a dignidade humana – que fique claro. A liberdade não é qualquer
liberdade – posto que não defendemos a intolerância, o preconceito, portanto,
não se pode confundir liberdade de expressão com liberdade de opressão.
O
PSOL tem estado presente em todas estas lutas, junto com os movimentos sociais.
Nas lutas em defesa da livre orientação sexual, identidades de gênero, do
pluralismo religioso, étnico, contra toda e qualquer forma de preconceito,
contra o machismo, sexismo, racismo e homolesbobitransfobia, contra a
intolerância religiosa.
Na
luta pelos diversos direitos humanos, dos povos indígenas, crianças e
adolescentes, juventudes, negras e negros, idosos e idosas, pessoas com
deficiência, mulheres, lgbts.
Nas
lutas das classes trabalhadoras, todas elas, contra a redução de direitos.
Na
luta por moradia digna, educação, saúde e transporte público de qualidade.
Na
luta por outro modelo político, radicalmente participativo, independente do
capital privado e profundamente democrático.
E
tudo isso, compreendendo, que estas lutas estão sintonizadas e se articulam na
defesa de outro modelo societal: um mundo de mulheres e homens livres.
Chegamos
a um momento na história, onde conseguimos produzir o suficiente nas mais
diversas áreas e com os mais diversos recursos tecnológicos à disposição.
Mas
os meios de produção estão sob controle de uma pequena minoria de capitalistas
que determinam quem pode e quem não pode ter acesso ao que foi social e
historicamente produzido pela maioria da humanidade.
Portanto,
é preciso repensar e mudar as base sociais, culturais, políticas e econômicas
que sustentam os atuais modos de vida geradores de opressões e da exploração do
ser humano por outro ser humano.
Essa
é o horizonte estratégico com o qual trabalhamos.
Entretanto,
ser um partido que disputa a institucionalidade, nos coloca frente a uma série
de desafios e contradições.
Por
ser um partido amplo, está aberto ao risco e campo de possibilidades de ser
disputado mesmo por segmentos conservadores que se infiltram em nosso partido e
geram contradições e divergências de compreensão em como lidar com isso, a
ponto de alguns setores do partido vacilarem na caracterização do tamanho da
contradição e na forma de lidar com ela.
Nosso
partido – o PSOL – passou por vários desses momentos.
Já
tivemos uma presidente do partido que também foi candidata a presidente,
Heloísa Helena, que – a despeito de sua trajetória e importância histórica na
oposição de esquerda à adesão do governo Lula à ordem – reunia em torno de si
um grupo partidário com o qual ela considerava poder submeter a todos às suas posições
de maneira profundamente personalista como costuma ser prática corrente na
política brasileira.
Nós
aprendemos muito e demos um exemplo de democracia quando a voz da base
partidária superou o personalismo de uma companheira que queria submeter todo o
partido às suas posições individuais.
Hoje
ela se encontra engajada na construção de outro projeto político, embora ainda
com a legenda do PSOL. Mas sem expressão interna, e sem representação pública
em nome do partido.
Nós
passamos por outros momentos difíceis e de enfrentamento interno.
Superamos
o marinismo dentro do PSOL, quando setores defendiam aliança ou mesmo apoio
direto à Marina Silva que – já naquela época – em 2010, mostrava-se como
porta-voz de uma economia verde ou de um eco-capitalismo que é uma contradição
completa. Marina era outra via de banqueiros e setores capitalistas que visavam
lucrar com o discurso ambiental. Além de cada vez mais se mostrar como uma
porta-voz conservadora da sociedade.
Em
2014, conseguimos superar o desastre que seria ter como candidato um senador
que, em nada nos representa, recebendo apoio de políticos da direita, para
garantir sua eleição ao senado e de um aliado interno seu dentro do PSOL à
prefeitura de Macapá.
Esse
pragmatismo aliancista que sempre combatemos dentro de um certo partido que
aderiu à ordem não cabe no PSOL.
As
portas do PSOL continuam abertas para que o senador busque um caminho coerente
com suas posturas.
A
base do Partido, majoritariamente, nunca se sentiu representada por aquele
senador.
Agora,
estamos diante de outro desafio.
Um
deputado fundamentalista entre nós.
É
uma tragédia que, diante da grave crise ambiental (sim – esta que tem sido
ofuscada por outras – mas que está intrinsecamente ligada a todas as outras),
econômica e política que vivemos, ter que conviver com um deputado
fundamentalista entre nós.
E
assim, chego, após um dia exaustivo de trabalho (apenas à noite tenho tempo de
informar mais sobre tudo – esse turbilhão que é o mundo que hoje vivemos), vejo
mais uma do Cabo Daciolo.
Começo
por dizer: Não é de Deus, nem do cristianismo, nem de fé que se trata.
Eu
sou gay, cristão e socialista e tudo isso e mais compõem unitária e
dialeticamente minha existência. Não sou um ser compartimentado.
Não
defendo uma sociedade em que nenhuma religião se imponha.
Cada
um(a) tem e deve ter o livre direito de expressar sua fé e sua não-fé. Sim, o
Estado, não é só dos meus irmãos e irmãs cristã(o)s, deve estar a serviço de
todos os seres humanos, independente de suas religiões, dos ateus e das ateias.
Independente de orientação sexual, etnia, gênero.
Portanto,
todo poder, num Estado laico, e numa sociedade plural deve sim ser exercido
soberanamente pelo povo.
Se
parte deste povo age instruído ou inspirado por sua fé, é um direito garantido
constitucionalmente.
Assim
como é garantido também a que qualquer parcela deste mesmo povo aja sem
qualquer crença num ser supremo ou qualquer ordem ou crença religiosa.
É
uma pena ver hoje cristãos cometerem as mesmas atrocidades e agirem da mesma
forma que os fariseus.
Peço
licença aos não-cristãos(as) que lêem este meu longo post para afirmar que:
O
Cristo que acredito e que conheço não nos pediu para erigir estátuas para ele,
menos ainda um Estado que comande o povo em seu nome.
O
Cristo que conheço não esteve ao lado das autoridades, não era no trono que ele
se encontrava.
Foi
um Cristo que desafiou os podres poderes terrenos. Mas não fez isso com
exércitos para proteger os templos. Foi com uma palavra extremamente
revolucionária, com uma mensagem de amor, de respeito e de tolerância.
Mas,
claro, o Cabo Daciolo e qualquer outro (a) pode ter uma perspectiva teológica
diferente da minha.
Não
há problema nisso.
Num
Estado democrático e de direito, todos(as) podemos divergir.
É
por este e outros motivos, pela garantia das liberdades individuais, entre
elas, a de expressão da fé e não fé.
Pela
desmilitarização do Estado, da sociedade, da vida, da política.
Contra
toda forma de preconceito, exploração e opressão.
É
para isto que nós somos PSOL!
O
PSOL precisa ser claro. Nós precisamos ser profundamente claros e devemos
coerência não apenas com aquelas e aqueles que apostam em nosso partido como um
dos instrumentos necessários à transformação social.
Mas
precisamos ser claros com todas e todos que defendem um mundo novo.
E
com todas e todos que nos observam.
Por
isso, agora dirijo-me a todas e todos que, em algum momento, tiveram ou estão
com dúvidas com relação ao PSOL por este ou outro motivo:
Nós,
do PSOL, somos um partido diverso, mas claramente anti-capitalista,
anti-machista, anti-homofóbico, anti-racista.
Mas
optamos por ser um partido aberto, diferente dos antigos formatos leninistas.
E,
diante disso, vivendo numa sociedade profundamente contradítória, é possível
que tenhamos que lidar com situações como essas.
O
desafio que nos coloca é:
Na
já difícil e árida realidade brasileira, em que sabemos diante de todo o lixo
midiático, da exploração cotidiana do capital, o quanto é difícil construir uma
alternativa de esquerda anti-capitalista ampla e democrática que consiga
dialogar com milhões.
Nesse
terreno, se nós consideramos necessário. Mais do que isso, se nós consideramos
uma urgência uma alternativa e um pólo de esquerda com peso social.
Este
não é o momento para espiar o PSOL.
Este
é o momento de crescer o PSOL como alternativa de esquerda.
Nós
somos o PSOL. Não Daciolo.
É
o crescimento de uma esquerda militante e coerente dentro do PSOL que permitirá
vencer os personalismos e, neste caso, os fundamentalismos, que querem se
utilizar do PSOL.
Eu
defendo a expulsão de Daciolo, que ele leve o mandato, mas não carregará
consigo nossa história e nossa coerência.
Agora
eu igualmente convoco a todas e todos que não ajamos como espectadores
externos. Mas como militantes que – sabendo da responsabilidade história e da
dificuldade imensa de construção de um pólo de esquerda amplo e socialista –
nos engajemos na viabilização do PSOL como essa ferramenta.
Porque
nós é que somos o PSOL. Ele é muito maior e será ainda mais com a força viva de
nossa militância.
Convoco
a todas e todos que defendem uma sociedade de mulheres e homens livres,
socioambientalmente justa, a se juntarem a nós na construção desta que pode ser
uma alternativa de fôlego para enfrentar os ataques à classe trabalhadora e
contrapor-se ao conservadorismo político e social.
Para
derrotar todos os fundamentalismos: religioso e do mercado, o PSOL é um partido
necessário. Juntemos-nos, pois!
Isa Penna, candidata a deputada estadual pelo
PSOL nas eleições de 2014:
Como
já vieram me questionar, estou aqui me declarando completamente contraria a PEC
proposta hoje pelo Dep. Federal Daciolo Benevenuto, onde ele defende que
devemos colocar em nossa constituição que todo poder emana de Deus.
A
não separação da política da religião é um extremo conservadorismo que não
podemos de maneira nenhuma aceitar, já que ele é responsável pela morte de
pessoas cotidianamento e as maiores violações aos direitos humanos.
Encaro
esta declaração como uma afronta pessoal e a todos militantes do nosso partido,
já que ela não é respaldada por nenhuma resolução congressual e vai na contra
mão das principais lutas que tocamos. Espero que o nosso Diretório Nacional
também se posicione desautorizando a fala do deputado e tome todas as providências.
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