quinta-feira, 7 de maio de 2015


Por: Elenilton da Cunha Galvão



Não basta punir os trabalhadores, o governo quer encilhar, o termo que cooptei do final do século XIX caberia como uma luva aos nossos dias em que vemos o agravamento na concentração de renda, sobrevalorização do rentismo em detrimento da atividade produtiva, ignorância e desconfiança em relação ao funcionamento do mercado brasileiro, além do aumento geométrico da dívida pública e estagnação da economia como ocorreu entre 1889 e 1891, e como lá (desde lá) a conta é paga outra vez pelos trabalhadores brasileiros. Não basta punir, o governo quer encilhar, quer colocar arreios.

A Falácia trabalhista do PT

Dias atrás, passou pelo Plenário Ulysses Guimarães encabeçado pelo conservador, corrupto e autoritário Eduardo Cunha do PMDB do Rio de Janeiro a PL 4330/04, uma verdadeira afronta à classe trabalhadora do Brasil já que terceirização em massa retira a dignidade dos trabalhadores e esvazia os princípios da função social do contrato trabalhista e da relativização dos mesmos já que  os trabalhadores serão imediatamente afetados pelas relações bilaterais patrão x patrão. Oras! A mercantilização em prol do lucro desenfreado do patronato e dos banqueiros destroi tudo aquilo que os trabalhadores do mundo conquistaram com muito sangue derramado, colocar em pauta a precarização de nosso povo não só é acintoso como é atitude dos reais inimigos do Brasil.

Não obstante dessa lógica e devido à desinformação em massa pela qual os meios de comunicação se dão ao luxo de fazer polarizando debates em torno de um remoto e paranóico “impeachment” da atual presidente da República encabeçado por PSDB e DEM, dois partidos que não possuem legitimidade moral alguma para tal, os trabalhadores do Brasil são desinformados constantemente da fragilização ao qual estarão expostos.

Dilma Roussef redigiu já no mês de Dezembro as MP's (medidas provisórias) 664 e 665, a primeira muda o acesso à pensão por morte e ao auxílio-doença, a segunda que completará a barbaridade petista muda o acesso ao benefício do seguro-desemprego, o patronato de boca cheia NÃO PODE RECLAMAR DO PT, nossos trabalhadores foram encilhados, já que ontem o Congresso a despeito da PL 4330 acenou positivamente em direção às duas propostas, não bastava o PT através do plano Levy impor a elevação dos impostos e o corte definitivo de algumas “despesas” (como a educação), brinca com o trabalhador através de medidas como essas

O aumento do imposto sobre os combustíveis, que alavancará a indústria do etanol para a alegria dos latifundiários canavieiros (os mesmos que papagueiam um suposto “impeachment”) majoritariamente no DEM e no PSDB, é do tipo de politica que caberia muito bem em um governo tucano ou de ultra direita, setores que maciçamente votaram em desfavor dos trabalhadores com a PL 4330 e agoram uniram-se ao PT para atacar nosso povo. ISSO É UMA VERGONHA!

Como foi enfatizado pelas lideranças do PsoL: “sob o pretexto de “combater distorções” e “economizar” R$ 18 bilhões em 2015, as MP’s 664 e 665 [...] privilegiam ainda mais a realização do chamado “superávit primário”, ou seja, o pagamento da dívida pública, que beneficia principalmente grandes bancos e investidores.” O trabalhador NÃO pode ser penalizado para o pagamento de uma dívida imoral, ilegal e ilegitima, pois como ressaltou o deputado Ivan Valente “, o governo propõe ampliar o prazo para que esses benefícios possam ser concedidos aos trabalhadores, ampliando a vulnerabilidade e a instabilidade no emprego.”

Como pode um partido que se diz trabalhista encilhar o povo brasileiro para fazer rir banqueiros, essa atitude capciosa do PT não condiz com nada que seja ideologicamente ou factualmente favorável aos trabalhadores, pensemos... Mais de 50% do erário proveniente dos impostos é destinado ao pagamento dos títulos da dívida pública que por si só já dá lucros a milhares de especuladores pelo simples fato de existir, esses mesmos especuladores em lobby estão criando instabilidade politica  e econômica para agravar o já grave quadro criado pela irresponsabilidade tanto do Congresso quanto do executivo. Parafraseio Ivan Valente, neste país não se discute dívida pública, não se discute distribuição de renda efetiva, não se considera que só o caso de evasão fiscal no HSBC gira quantias em torno de 100 biliões de dólares, não se questiona a taxação de grandes fortunas por, lamentavelmente, supostos grupos representantes do mercado afirmarem ser caminho para uma “saída de capitais”, saída de capitais não é desculpa, no Brasil essa prática SEMPRE ocorreu.

Não há reformas tributárias, há, na politica “trabalhista” do PT, o flerte e o consentimento aos interesses do grande capital especulativo, definitivamente o PT não representa os trabalhadores e a bancada do partido no Congresso demonstrou ontem que muito se aproxima do embuste partidário denominado SOLIDARIEDADE.

Sindicatos e Sindicatos

Em sessão tumultuada no Congresso para que a votação da MP 665 fosse feita, o atual presidente da casa, Eduardo Cunha, permitiu a entrada no plenário dos “sindicalistas” (estes entre aspas mesmo) da Força Sindical, sindicato pelego, fajuto e subserviente, e para quê? No dia 7 de Abril quando o texto da PL 4330 era votado no Congresso, ativistas da CUT e de outras centrais foram brutalmente reprimidos para que não pudessem assistir a sessão referida, mas ontem a Força Sindical pôde. Esse episódio é lamentável, não se pode pensar democracia sem isonomia de forças, o Congresso NÃO PODE estar de portas abertas a uns enquanto outros sequer podem se aproximar!

Eduardo Cunha e outros achincalhadores da República estava no palco da “festa do trabalhador” promovida por Paulinho da Força no 1 de Maio, deixando óbvio a posição ideológica da Central neoliberal e antitrabalhador que Paulinho criou.

Jean Wyllys descreveu o episódio: [a Força Sindical] “vaiava e ofendia todos os deputados petistas que se revezam no microfone para defender o ajuste, e aplaudia com urros os deputados do DEM, do PPS e do PSDB que se colocavam contra ele (nós do PSOL não éramos vaiados nem aplaudidos porque estamos fora dessa polarização e temos discernimento para apontar os equívocos do governo Dilma e a demagogia/hipocrisia da oposição de direita que ora lhe ataca). Até aí, tudo bem (quer dizer, "tudo bem" em termos, já que a Força Sindical, DEM e PSDB parecem ter se esquecido de que os governos tucanos fizeram rigorosíssimos ajustes fiscais que afetaram os trabalhadores; barraram a proposta de taxação de grandes fortunas; votaram o fator previdenciário e outras medidas anti-trabalhistas e anti-populares).

E continua: “Acontece que, no decorrer da sessão, a Força Sindical decidiu dar um passo adiante e derramou, sobre o plenário, uma chuva de cédulas de dólares falsos em cujas efígies estão Lula, Dilma e Vaccari sob insultos impublicáveis - os dólares falsos são muito bem-confeccionados (Quem financiou a confecção desse lote de dinheiro falso? Qual gráfica? São perguntas para a imprensa neutra e isenta...). Os petistas reagiram apenas escapando da chuva. Os tucanos, demistas e outros conservadores aplaudiram a Força Sindical e se alinharam a ela catando em coro o Hino Nacional (o hit ufanista da atual direita brasileira!). O hino se misturava a insultos. O clima se tornou mais tenso. Os sindicalistas da Força começaram a jogar outros objetos sobre os petistas. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ordenou o esvaziamento das galerias (aliás, ele demorou em fazer isso; por bem menos, jogou a Polícia Legislativa contra representantes dos povos indígenas quando estes entraram no plenário).

Nosso Congresso companheiros virou um ninho de conservadores aliados ao patronato que continuará a dar de ombros aos trabalhadores. Devemos continuar lutando e nos mobilizando, não nos cabe permanecer calados! O PsoL continuará intransigente na luta pelos direitos de nossos povo, mas e você, continuará engulido esse embuste “pró trabalhador” do PT, continuará defendendo a direita que está destruindo direitos de várias décadas de lutas ou participará da mudança politica que o Brasil necessita, cabe à consciência de cada um dos trabalhadores do Brasil decidir.


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